A doutrina calvinista da perseverança dos santos é a conclusão inevitável e bíblica da obra da redenção. O homem em seu estado natural está totalmente depravado - isto é, teve suas faculdades espirituais completamente corrompidas, tornando-se inimigo de Deus, e encontra-se agora morto nos seus delitos e pecados. Deus, o Pai, movido pelo seu infinito amor, escolheu, antes da fundação do mundo, alguns dentre estes para manifestar a sua misericórdia, elegendo-os para serem santos e irrepreensíveis.
Vindo a plenitude dos tempos, o Senhor Jesus se fez carne, cumpriu a lei, e morreu na cruz pelos eleitos de Deus, expiando objetivamente a culpa que lhes fora imputada pelo pecado de Adão. Na época própria, aprouve a Deus chamá-los eficazmente, aplicando soberanamente a sua graça especial para a salvação, independentemente de qualquer mérito da parte deles. Que absurdo imaginar que, depois de tudo isso, os redimidos possam apartar-se totalmente da graça de Deus, e vir a perder a salvação.
Como pode alguém ser eleito, redimido, chamado, justificado, regenerado, reconciliado, liberto do domínio do pecado pela graça imerecida de Deus e, ainda assim, não alcançar a glorificação, quando a Bíblia diz que "aos que de antemão conheceu, também os predestinou... E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou" (Rm 8:29-30)? Como pode tal obra ser interrompida, se Cristo é não somente o autor, mas também o consumador da nossa fé?
O que mudou? Nós (os eleitos) ou o amor de Deus? Nós, se mudamos, mudamos para melhor: "Deus prova o seu próprio amor para conosco, pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores". Este era o nosso estado: pecadores, inimigos de Deus. Ainda assim, Cristo morreu por nós. Não obstante a nossa depravação e culpa, Deus nos amou e Cristo nos comprou pagando o preço caríssimo por nós: o seu próprio sangue. A que conclusão pode-se chegar? A mesma do apóstolo: "se nós, quando inimigos, fomos reconciliados com Deus, mediante a morte do seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida" (Rm 5:8,10). Se Deus já realizou o mais difícil - reconciliar-nos com ele-, não fará também o mais fácil, que é manter-nos neste estado? Certamente que sim. Pelo menos, está é a convicção do apóstolo Paulo: "estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós, há de completá-la até ao dia de Cristo Jesus" (Fp 1:6). De onde provém tal convicção? O apóstolo Paulo explica:
Se Deus é por nós, quem será contra nós? Aquele que não poupou a seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura não nos dará graciosamente com ele todas as coisas? Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu, ou antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus, e também intercede por nós. Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada?... Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores por meio daquele que nos amou. Porque eu estou certo de que nem morte, nem vida, nem anjos, nem principados, nem cousas do presente nem do porvir, nem poderes, nem alturas, nem profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor (Rm 8:31-39).
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Texto extraído do livro Calvinismo - As Antigas Doutrinas da Graça, de Paulo Anglada.
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