terça-feira, 1 de novembro de 2011

Depravassão Total - Paulo Anglada


As antigas doutrinas da graças sustentam que, em decorrência da queda, o homem tornou-se completamente inabilitado espiritualmente. Ele não pode, por si mesmo, fazer nada para alterar o seu estado de pecado. A corrupção original afetou de tal modo toda a natureza humana que alcançou o seu espírito, a sua mente, a sua vontade, os seus sentimentos e o seu próprio corpo, inabilitando-o a fazer qualquer coisa que seja espiritualmente agradável a Deus.

Em oposição ao arminianismo - que defende o livre-arbítrio afirmando que o homem natural em tem si mesmo a capacidade para responder positivamente ao evangelho - o calvinismo assevera que o homem está cego para as realidades espirituais, que se tornou escravo do pecado, e que se encontra morto espiritualmente.

Assim se expressa o próprio Calvino com relação ao estado do homem em pecado:
As Escrituras atestam que o homem é escravo do pecado; o que significa que o seu espírito é tão estranho à justiça de Deus que não concebe, deseja, nem empreende coisa alguma que não seja má, perversa, íniqua e impura; pois o coração, completamente cheio do veneno do pecado, não pode produzir senão os frutos do pecado. Não pensemos, entretanto, que o homem peca como que impelido por uma necessidade incontrolável; pois peca com o consentimento de sua própria vontade continuamente e segundo sua inclinação. Mas, visto que, por causa da corrupçao do seu coração, odeia profundamente a justiça de Deus; e, por outro lado, atrai para si toda sorte de maldade, por isso afirmamos que não tem o poder de eleger o bem ou o mal - que é o que chamamos livre arbítrio.

ESCRAVO DO PECADO

 O que Paulo quer dizer em Efésios 2, quando afirma que o homem está morto em seus delitos e pecados? Ele mesmo explica: o homem está sendo arrastado pelo curso deste mundo, conduzido pela força de um rio, sem condição alguma de nadar contra a correnteza; está sendo impelido e dirigido pelo espírito que agora atua nos filhos da desobediência (2:2). No verso seguinte, ele esclarece que o homem em estado de pecado não pode reagir contra as inclinações pecaminosas da carne; a sua vontade é a vontade da carne e dos pensamentos; e está é a condição de todos os que se encontram nesse estado (2:3).
 O homem natural pode, por si próprio, escolher o bem espiritual? Pode um escravo decidir: "hoje não vou oferecer meu corpo para o trabalho, vou descansar na praia ou vou passear no campo?" Nunca! O escravo é um cativo que tem sua vontade subjugada, que só lhe compete fazer a vontade do seu senhor. "Em verdade, em verdade vos digo: todo o que comete pecado é escravo do pecado" (Jo 8:34). Portanto, o homem pecador não é senhor do seu querer. Todos os homens naturais estão presos nos "laços do diabo, tendo sido feitos cativos por ele para cumprirem a sua vontade" (2 Tm 2:26). O ensino de Paulo no capítulo seis de Romanos é que outrora éramos escravos do pecado, e por isso não podíamos fazer outra coisa, senão oferecer-lhe nossos membros para a escravidão e para a prática da impureza e da maldade. E que resultado colhemos? Somente as coisas das quais agora nos envergonhamos, porque o fim delas é a morte. O salário do pecado é a morte. Mas, graças a Deus, nós, os redimidos por Cristo, fomos libertos do pecado e feitos servos da justiça (Rm 6:16-23).


 


 Texto extraído do livro Calvinismo - As Antigas Doutrinas da Graça, de Paulo Anglada.
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